O primeiro semestre do ano foi bastante positivo para o setor imobiliário. Por exemplo, em São Paulo, principal mercado do setor, as vendas de imóveis novos aumentaram 33% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O lançamento de novos imóveis cresceu quase na mesma proporção. Assim, houve uma redução do estoque de unidades novas à venda.
Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) que projeta, para este ano, um crescimento de quase 8% na concessão de financiamentos, alcançando o valor recorde de R$ 270 bilhões.
As razões para o bom momento são variadas. Há o crescimento econômico, que deverá superar 2,5%, segundo a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, e o aquecimento do mercado de trabalho, mensurado pela taxa de desemprego, que caiu a 6,9% da força de trabalho no segundo trimestre do ano. É o menor patamar desde o final de 2014.
O crescimento e a queda do desemprego implicam em aumento da massa salarial, que só este ano já subiu mais de 5%. Ademais, a inflação continua sob controle e a taxa básica de juros caiu ao longo do ano. Os dados são do IBGE.
Outro ponto importante, conforme destacado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), foi o Programa Minha Casa, Minha Vida, cuja participação nos lançamentos em todo o país aumentou de 31% no primeiro trimestre para 53% no segundo, considerando apenas os imóveis financiados e negociados pelo mercado, ou seja, excluindo-se os imóveis da faixa I, subsidiados com recursos federais.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o crescimento dos lançamentos foi de 86%, com aumento de 46% nas vendas.
Vale notar, de acordo com a Abecip, este ano serão R$ 108 bilhões financiados pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, contra R$ 98 bilhões no ano passado.
Um ponto que chama atenção, é a geração de emprego no setor, e a crescente dificuldade para contratação de mão-de-obra qualificada. Levantamento da Cbic no final de 2023, com mais de 800 empresas, mostrou que 7 em cada 10 construtoras consultadas sofreram com a falta de trabalhadores.
O aquecimento do mercado deve levar ao aumento dos custos com a mão-de-obra. Só no primeiro trimestre do ano foram 140 mil postos de trabalho gerados. Apesar do aumento dos custos, nos últimos anos os preços de venda subiram proporcionalmente mais que o INCC.
O bom momento da economia e do setor imobiliário deve continuar no segundo semestre do ano, com tendência a acomodação em mais longo prazo.